sábado, 29 de junho de 2013

somos todos colonizados

o pior não é nem redefinir e redecorar todas as senhas outra vez, é ter de ir até o shopping para poder obter um novo chip e, agora, ter de decidir se vale à pena gastar mais de 1.000 reais em um aparelho que é sonho de consumo de 99% da população, sendo que uma minoria enfática está disposta a fazer qualquer coisa para realizá-lo, inclusive enfiar a mão na tua bolsa.

se você abrir meu armário, ficará surpreso, primeiro, com a quantidade de roupas (hihihihi), depois, com a quantidade de artigos de "marca". logo eu, que detesto consumo de massa, que uso os sapatos mais surrados (sério, meus tênis já têm furo na sola), sim, eu mesma, que tenho peças que existem há mais de 10 anos e que continuam lá, perfeitas. existe uma diferença entre comprar um artigo na Zara (que, além de explorar trabalho escravo, produz roupas que desbotam na 2a lavagem) e de uma loja boa. claro que não vou adquirir nada que tenha a logomarca estampada para todos verem, afinal, não sou paga para fazer propaganda e se há uma coisa que abomino é ser relacionada a um objeto. ainda que adore as coisas da Apple. se pudesse, adquiriria os eletrônicos anônimos para os outros, sem nome nem nada.

passei os últimos 5 anos com o mesmo aparelho celular (da Apple - uma das marcas que realmente duram). o computador ainda funciona. claro que o celular começou a dar problemas, ficou ultrapassado. daí, foram 3 meses com o celular mais moderno no mercado (como o anterior foi a sua época) e minha surpresa com a reação das pessoas.

desde o princípio, o Iphone me seduziu por sua proposta multifacetada - ainda que minha principal demanda fosse apenas um aparelho que fundisse telefone com agenda eletrônica (algo que sempre usei, desde a adolescência). mas, veja, não é uma questão de status. o aparelho celular é um mero objeto. é caro, mas meu carro, por exemplo, custa dezenas de vezes mais e ninguém está nem aí para ele (ninguém fora eu <3). tenho peças no meu armário que não custam muito menos do que o celular (compradas na promoção Lápis Vermelho, claro). mas, não se vê gente te admirando por isso. por você ser "ric@" ou disciplinad@ para juntar dinheiro para comprar coisas boas para você. o interesse é saber a que grupo você pertence, se você deixa de fazer a viagem dos sonhos para comprar um celular, se você frequenta as festas mais hipsters, se você é popular.

no final, pode reparar, é tudo uma questão de posição na sociedade - o que nem tem tanto a ver com dinheiro. e, depois, ainda temos de ouvir que devemos ser quem somos na essência, independentemente dos padrões. uma grande bobagem. se você é indignado, se questiona os modelos que nos são impostos, você sabe exatamente do que estou falando. e tem um Iphone também.

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