segunda-feira, 14 de outubro de 2019

círculo vicioso do amor imaturo

a criança é incapaz de amor altruísta. lhe falta amor divino. além disso, o amor humano é limitado: a criança quer amor exclusivo, que não é nem divino, nem humanamente possível - quer amor egocêntrico.

daí surge o primeiro conflito: tem desejos opostos – quer o amor de cada genitor exclusivamente e sofre se os pais não se amam. sempre que a criança for impedida de realizar sua vontade, será “prova” adicional de que ela não é amada o suficiente. daí, sente-se frustrada e rejeitada, o que acarreta ódio, ressentimento, hostilidade, agressão.

a segunda parte do círculo vicioso diz respeito ao fato de que, quando esse amor não pode ser correspondido, ela sente ódio e hostilidade exatamente em relação às pessoas mais amadas. o conflito advém do sentimento de ódio pela mesma pessoa a quem se ama muito (não haveria conflito se a criança pudesse odiar alguém que ela não ama ou se pudesse amar alguém a seu próprio modo e por quem ela não desejasse ser amada). ela sente vergonha das emoções negativas e põe o conflito no subconsciente, onde ele vai contaminando o espírito.

desde cedo, criança aprende que odiar é ruim. esse ódio causa culpa. a culpa causa conflitos na personalidade adulta. 

por causa da culpa, o inconsciente entende que deve ser punido, o que dá medo. sempre que a pessoa estiver feliz e aproveitando o prazer, sente que não o merece: se vier a ser feliz, a punição será ainda maior. por isso, inconscientemente, evita a felicidade, pensando que, assim, expiará a culpa. dessa maneira, forma padrões que parecem destruir tudo que ela mais quer na vida.

a pessoa pode se punir, tentando evitar a humilhação: doença física, contratempos, dificuldades, fracassos, conflitos. outra forma de lidar com esses conflitos é a pessoa estabelecer para si um padrão alto demais para ser atingido: “Se eu for perfeito, se eu não tiver defeitos e fraquezas, se eu for o melhor em tudo que faço, então posso curar este ódio e este ressentimento do passado”. como isso não é possível: “Eu não sou nem capaz de ser tão bom e tão perfeito com os outros em geral como eu sou com as pessoas que eu odeio. portanto, entendo o quanto eu mereço ser punido e desprezado.” isso gera sensação de inadequação, de inferioridade. "Mas, se ao menos eu pudesse receber – apenas receber – uma medida de amor, respeito e admiração dos outros! Seria tão gratificante. Seria a prova para mim de que eu estava certo em querer amor, e provaria também que meu ódio se justificava pela negação. O amor que me foi negado me forçou à posição de odiar."

e, assim, o ciclo se fecha, voltando ao início. fechando o ciclo, a necessidade de ser amado se torna mais urgente ainda. a pessoa sente que seu ódio não se justificava e que os outros estavam errados. assim, sente necessidade de amor cada vez mais tensa, com motivações fracas, doentias e imaturas. como essa necessidade nunca será preenchida (e, quanto mais aparente isso se torna, mais a culpa é exacerbada), todos os pontos sucessivos do círculo pioram com o passar da vida.

só sei sai do círculo ao amar de maneira madura e saudável: quando se ama na mesma medida em que se deseja ser amado, assumindo o “risco da vida”. a pessoa imatura quer ser amada e reverenciada, cuidada e admirada até por aqueles que ela mesma não tem a menor intenção de amar, criando situação injusta. em contraposição, a lei divina é sempre justa: nunca se recebe mais do que se investe. pode até ser que não se receba o amor da mesma fonte onde ele foi investido, mas, no final, ele fluirá de volta para você, em um círculo benigno.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

vou ser publicada



preciso interromper este silêncio. esta é a última semana da minha licença maravilhosa, que me ajudou a manter a sanidade mental neste ano desafiador. que começou com um funeral de um suicídio de pessoa LGBT. e que foi seguido por alguns outros. o último há algumas semanas.

minhas colegas de trabalho não estão lidando bem com as mudanças. também não fiquei feliz com elas, mas elas estão lidando de uma forma um pouco pior do que seria construtivo.

no último sábado, iniciei um tratamento espiritual que durará um ano. para compor, decidi interromper o uso de remédios para dormir, nos quais estava viciada há mais ou menos um ano. na primeira noite, simplesmente não dormi. desde então, as noites têm sido difíceis, os dias mais ainda.

não fui diagnosticada, mas, energeticamente, sinto que meus hormônios da felicidade (serotoninas, endorfinas, oxitocinas e afins) são produzidos na quantidade mínima. o que faz com que só sejam repostos se eu tiver uma perfeita noite de sono, o que, no meu caso, se traduz em 8 horas bem dormidas. essa é uma das explicações para meu vício nesses remédios. não quero passar o dia com pensamentos suicidas. ainda que eu acorde às 6 da manhã e precise tomar outro remédio, o que me fará chegar atrasada aos compromissos da manhã.

cerca de um mês atrás, havia tomado 3 compridos de uma vez. normalmente, tomo 1 antes de dormir e outro no meio da noite, quando acordo. os 2 sendo a dose máxima permitida. naquela noite de agosto, não dormi. tentei levantar, mas estava grogue. percebi que algo estava errado.

desde que interrompi os remédios (não fiz o desmame, nem me ocorreu), meus dias têm sido difíceis. tenho bebido para compensar. na semana passada, a terapeuta ayurvédica havia me alertado para o perigo da combinação remédios + álcool. decidi, então, parar com os remédios.

pois hoje recebi uma ligação da editora, me dizendo que interrompia o protocolo porque, por acaso, estava na frente do computador quando mandei meu original e que precisava me dizer que meu livro já havia sido aprovado para publicação.

então, olhando assim, entendo que esta foi uma das melhores semanas deste ano. porque estou firme na minha luta contra um dos vícios e porque vou conseguir ser ouvida. não tenho dinheiro na conta, volto a trabalhar na segunda. mas isso é lindo demais.

sábado, 1 de junho de 2019

roda da fortuna

há dias que são difíceis, mas que trazem paz quando vemos que conseguimos contorná-los. eu andava eufórica nas últimas semanas, com todas as coisas boas que vinham acontecendo. daí chegou quinta e alguma coisa aconteceu. não sei se por efeito da lua minguante de domingo. acordei desanimada, tive um dia desanimado. à noite, senti compulsão por comida, algo que não acontecia há tempos.

na sexta, cheguei atrasada para uma reunião. achei que o clima no trabalho estava ruim. estudei tarô para melhorar o humor. terminei o naipe de paus desse baralho. mas não adiantou. saí, tomei uma cerveja, me matei de comer e fui pra casa chorar. tem dia que você só quer transar. mas não quer o desgaste envolvido em convidar as pessoas. queria que pudesse ser simples, mas fico meio assim de estar sendo irresponsável. essa tem sido uma temática deste ano: relações casuais que fico meio sem saber como conduzir. alguém me falou que talvez uma das mulheres do ano passado teria gostado de se eu tivesse sido mais direta. mas eu ficava sem reação quando ela perguntava se íamos dormir de conchinha. eu detesto dormir de conchinha.

no final, o dia foi salvo, me lembrei que havia uma peça aqui pertinho. fui a pé. a caminhada sozinha já me fez bem. encontrei conhecidos. a peça foi boa. voltei e recebi mensagem de uma consulente, de 3 meses atrás. ela confirmou minhas previsões.

desci com um dos gatos, voltamos e deixei a porta aberta, para o outro poder passear pelo corredor. a vizinha sapatão apareceu com o gato dela. a gata grande o adorou. mas restringi o contato, vamos aos poucos.

tenho tido vontade de voltar a escrever. mas preciso finalizar o processo do último livro. o resultado do concurso sai este mês. se não der certo, precisarei escrever mais umas 10 páginas para atender o critério de número de palavras do outro certame. só então vou começar outro projeto.

ainda não tenho uma ideia formada. quer dizer, tive uma, mas talvez não a utilize.

muito feliz que a licença começa semana que vem. quero fazer cursos artísticos. quero viajar. estou considerando aumentar o número de aulas de yoga.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

trunfo número dois


a mensagem de sábado é recebida entre terça e quarta. a de quarta é recebida no sábado. meu delay operacional.

eu vejo, mas preciso de um tempo pra entender. não vejo o pôster atrás de mim, mas vejo essas coisas. tô vendo. mas processo aos poucos. são muitas informações. tenha paciência comigo. minha dor de estômago acabou de acabar.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

apaixonada pra dentro

depois do livro, não tenho mais tido vontade de escrever. na verdade, tive uma vez. queria escrever o capítulo que ficou faltando. mas senti que não era a hora.

sinto-me muito feliz. mas feliz tipo esses casais recém-formados, que não querem sair do quarto, não querem ver mais ninguém, só consumir a paixão.

feliz em estar no quarto. irritada quando preciso sair dele.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

e ainda é terça-feira

ontem, eu:

voltei a trabalhar, fiz yoga, trabalhei em um projeto com as sapatão, esbarrei em um amigo que acabou de se mudar para a cidade, fui a um bar, esbarrei em uma pessoa querida que está morando em outro país.

hoje, eu:

trabalhei, fui ao pilates, entrei em pânico, marquei um encontro, organizei a casa, li, organizei fotos, passei vergonha, revisei o livro, passeei com o gato.

sábado, 5 de janeiro de 2019

coisas interligadas

os dias têm sido intensos.

as reformas do novo governo atingiram meu trabalho. a filha trans de uma amiga suicidou-se. recebi alguns convites para sair.

tenho limpado armários e jogado muitas coisas fora.

os gatos estão brigando.

meu corpo todo dói. ouço um barulho e me tremo toda.

começou a chover. comecei a revisar o livro. está tão lindo. e fico chocada de perceber o quanto ele realmente se parece com esse livro que comecei a ler agora. uma espécie de conexão.