terça-feira, 28 de abril de 2020

filhas de xangô

ontem fazia 39 dias em que eu não tinha nenhum contato físico com ninguém. mesmo quando encontrei uma ou outra amiga para fazer uma caminhada na rua (não deixei ninguém entrar na minha casa e também não entrei em nenhum lugar fechado), mantinha a distância física.

a gente tinha combinado de se conhecer nesta lua em câncer. ela queria que eu fosse até a casa dela, mas me senti insegura. só que aí ela não conseguiu com quem deixar a filha. o tarô me disse para controlar os instintos e não aceitar, que ia rolar. achei contraditório, mas fui entender depois.

sondei com uma amiga em comum, que disse que, apesar de mulherenga, ela é boa pessoa e que não ia me matar. hahaha achei relevante.

marcamos um tarô online. eu a achei tão sincera. e linda igual nas fotos. tinha passado o dia ansiosa com esse encontro virtual, mas já sabendo que teríamos um presencial na semana seguinte. foi louco porque a internet não parava de travar, os aplicativos também, às vezes os meus, às vezes os dela. no final, deu para completar o tarô e conversamos mais um pouco até ela precisar desligar porque estava com pouca bateria.

depois, me mandou uma foto de uma cerveja -- ´você podia estar aqui´. e assim eu fui.

uma amiga me disse que é perigoso se envolver com alguém com filhos, porque o amor vem ampliado. e a filha dela é linda. ela brindou ´a nós´. disse que queria casar na praia. perguntou se eu via problema em me relacionar com mulheres mais novas. disse que tinha nascido no Rio. a filha dela brincava enquanto conversávamos no sofá como se já tivéssemos intimidade, passando a mão na coxa uma da outra, fazendo cafuné, perguntando essas coisas da vida, onde você trabalha, o que gosta de comer. ela ama cozinhar. e casa arrumada. e é linda.

deixou a menina no banho, chegou na sala e me jogou contra a parede. fazia tempo que não ganhava uns amassos desses de seriado de lésbicas. toda a falta de contato físico dos últimos 39 dias compensada ali.

um beijo de despedida e ela me levou até o carro. quando estava entrando, ´me dá outro beijo?´. e mensagem quando chegasse. na próxima vez, fica pra gente dormir de conchinha? queria que eu levasse uma marmita do macarrão que tinha feito. disse para aparecer lá sempre que quisesse. que a gente não esperasse até segunda que vem pra se ver de novo.

ainda pode ser a carência da quarentena, mas, pelo menos, a história está um pouco menos platônica. e fiquei feliz de ela ter falado, cedo, no telefone, que queria muito me ver. não entendo bem o que vinha interpretando como indiferença da parte dela. ela diz que é timidez, mas acho que é charme. tenho zero experiência com librianas, mas conheço bem a fama. inclusive, descobri que leão e libra formam um casal muito amoroso e carinhoso. e ela é muito carinhosa. me sinto à vontade perto dela, não consigo tirar as mãos de cima dela. ela é tão macia e doce e agradável. e fica repetindo pra mim o quanto é uma pessoa fácil de conviver, que é muito tranquila e que é muito difícil brigar com ela. é como se o universo tivesse ouvido tudo que pedi.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

alegria e tristeza são contagiantes

ontem, havia decidido que esta seria uma semana de menos dramas. fui tomar banho no lago, me esquivando das pessoas dos churrascos. daí encontrei a amiga na pracinha, para bater papo e beber vinho. fiz faxina na casa, assisti a um filme japonês, comi bacalhau.

daí hoje começo o dia consolando uma amiga que surtou ontem. daí outro amigo vem perguntar como estou. então, duas vezes, o assunto. à noite, uma amiga mandou mensagem contando como tem mantido a alegria em um nível razoável pro momento. três vezes o assunto. tem dia em que você tá bem, mas os outros, não.

minha gerente já vinha há uma semana me cobrando uma coisa que ela sabia que eu não tinha como acessar a não ser que fosse até a repartição. hoje, de novo. então pus uma máscara e fui. pelo menos, isso tá resolvido.

comecei a assistir a um filme que me indicaram, comi mais bacalhau e batata frita. louca para começar as aulas de dança, amanhã.

ontem, quando saí de casa e vi o sol, chorei de emoção. a área dos olhos assada de tanto chorar. as lágrimas chega ardem.

mas tá tudo bem. amanhã tem reunião de trabalho de manhã e decidi que, se tiver sol, vou nadar de novo. porque felicidade melhora o sistema imunológico.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

lobisomem na pandemia

a primeira semana de quarentena foi a de compreender o que estava acontecendo, ler as notícias, fazer previsões, organizar a rotina. resolvi estender a yoga de 3 para 6 vezes na semana. pus os estudos acumulados em dia. terminei o curso de cristais. no final, estava com dores musculares constantes e estressada, com a cabeça cheia. chorosa e de TPM. resolvi dar uma relaxada. a professora de yoga orientou que eu não precisava fazer a série completa todos os dias, que algumas posturas já seriam o suficiente, que era para eu ouvir o corpo.

então, na semana dois, ouvi o corpo, que nunca queria fazer a série completa. só quis um dia. como resultado, voltei a dormir mal. comecei a receber muito trabalho, que foi acumulando-se, porque tive dificuldade em acessar os sistemas eletrônicos porque meu computador é diferente do do trabalho. alguns arquivos do pendrive simplesmente não abriram. esses foram alguns perrengues da semana dois.

no domingo, acordei cheia de energia, depois da conjunção exata entre júpiter e plutão em capricórnio. levantei cedo. fui tomar banho no lago. pessoas sem noção fazendo churrasco, como em um domingo qualquer. tomei meu banho, que deve ter durado uma hora, longe de todos, dei mais umas voltas de carro e retornei.

me percebi apaixonada platonicamente por uma pessoa que conheci nesses tempos. era um match antigo, acho que de outubro. tínhamos trocado duas ou três frases, até eu conhecer a ariana, com quem estive envolvida até fevereiro. e, agora, redescobri a moça das duas ou três frases, logo que reinstalei o programa. uma tentativa de contato um mês antes, que respondi agora e que tem preenchido os dias solitários.

usei minha tática de sempre, de sensualizar logo no início. ela correspondeu e me chamou pra sair. e veio a quarentena oficial, que fechou os bares e os estabelecimentos comerciais, em geral. não nos encontramos. e, assim, fiquei louca por ela platonicamente. mulher da minha vida. onde você esteve esse tempo todo? hehe

na outra semana, a paixão era paixão boa. nesta, é paixão angustiada, de não saber quando vou vê-la. tive vontade de trocar vírus com ela. mas sei que seria irresponsável.

ela me lembra muito a mulher que me apresentou à Bethânia. talvez isso explique a rapidez com que me conectei com ela. os olhos são parecidos, o jeito simples, a segurança. eu adoro gente que não se intimida por mim.

trabalhei pouco esses dias, mas tenho tido muitos atendimentos de tarô e happy hours, quase toda noite. quando não é isso, são os trabalhos do terreiro, que tem andado muito ativo nesses tempos, grazadeus.

a terapeuta não está bem, parou de atender. entendi que preciso passar por isso tudo sozinha. se há uma coisa que não tenho sentido é tédio. enlouqueço em alguns dias. me divirto sozinha em outros. tenho estudado, assistido a filmes e ganhei trabalhos diferentes, que têm tomado meu tempo, porque me demandam aprender coisas novas.

é muito triste a situação de pandemia, minha vida está toda revirada, mas de um jeito que não é totalmente ruim.