a criança é incapaz de amor altruísta. lhe falta amor divino. além disso, o amor humano é limitado: a criança quer amor exclusivo, que não é nem
divino, nem humanamente possível - quer amor egocêntrico.
daí surge o primeiro conflito: tem desejos opostos – quer o amor de cada genitor exclusivamente e sofre se
os pais não se amam. sempre que a
criança for impedida de realizar sua vontade, será “prova” adicional de que ela
não é amada o suficiente. daí, sente-se frustrada e rejeitada, o que acarreta ódio,
ressentimento, hostilidade, agressão.
a segunda parte do círculo vicioso diz respeito ao fato de que, quando esse amor não pode ser correspondido, ela sente ódio e
hostilidade exatamente em relação às pessoas mais amadas. o conflito advém
do sentimento de ódio pela mesma pessoa a quem se ama muito (não haveria
conflito se a criança pudesse odiar alguém que ela não ama ou se pudesse amar
alguém a seu próprio modo e por quem ela não desejasse ser amada). ela sente
vergonha das emoções negativas e põe o conflito no subconsciente, onde ele
vai contaminando o espírito.
desde cedo,
criança aprende que odiar é ruim. esse ódio causa culpa. a culpa causa
conflitos na personalidade adulta.
por causa da culpa, o inconsciente entende que deve ser punido, o que dá medo. sempre que a
pessoa estiver feliz e aproveitando o prazer, sente que não o merece: se vier a
ser feliz, a punição será ainda maior. por isso, inconscientemente, evita a
felicidade, pensando que, assim, expiará a culpa. dessa maneira, forma padrões que
parecem destruir tudo que ela mais quer na vida.
a pessoa pode se punir, tentando evitar a humilhação: doença física, contratempos, dificuldades,
fracassos, conflitos. outra forma de
lidar com esses conflitos é a pessoa estabelecer para si um padrão alto demais
para ser atingido: “Se eu for perfeito, se eu não tiver defeitos e fraquezas,
se eu for o melhor em tudo que faço, então posso curar este ódio e este
ressentimento do passado”. como isso não é possível: “Eu não sou nem capaz
de ser tão bom e tão perfeito com os outros em geral como eu sou com as pessoas
que eu odeio. portanto, entendo o quanto eu mereço ser punido e desprezado.” isso gera sensação de inadequação, de inferioridade. "Mas, se ao menos eu pudesse receber – apenas receber – uma medida
de amor, respeito e admiração dos outros! Seria tão gratificante. Seria a prova
para mim de que eu estava certo em querer amor, e provaria também que meu ódio
se justificava pela negação. O amor que me foi negado me forçou à posição de
odiar."
e, assim, o ciclo
se fecha, voltando ao início. fechando o ciclo, a necessidade de ser amado se
torna mais urgente ainda. a pessoa sente que seu ódio não se justificava e que
os outros estavam errados. assim, sente necessidade de amor cada vez mais tensa, com
motivações fracas, doentias e imaturas. como essa necessidade nunca será
preenchida (e, quanto mais aparente isso se torna, mais a culpa é exacerbada),
todos os pontos sucessivos do círculo pioram com o passar da vida.
só sei sai do
círculo ao amar de maneira madura e saudável: quando se ama na mesma medida em
que se deseja ser amado, assumindo o “risco da vida”. a pessoa imatura quer ser
amada e reverenciada, cuidada e admirada até por aqueles que ela mesma não tem
a menor intenção de amar, criando situação injusta. em contraposição, a lei
divina é sempre justa: nunca se recebe mais do que se investe. pode até ser que
não se receba o amor da mesma fonte onde ele foi investido, mas, no final, ele
fluirá de volta para você, em um círculo benigno.
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