segunda-feira, 29 de maio de 2017

a força da espiritualidade


eu poderia ter uma vida simplesmente confortável. minha casinha, meu emprego estável, meus gatinhos amorosos, amigxs por perto, companhia para fazer programas legais, uma cozinha completa para fazer almoços e jantares (para mim e para convidadxs), um carro para levar aos lugares - Uber se quiser sair e beber -, saúde para ter disposição para as coisas. tudo conflui. tudo material, isto é.

mas foi só chegar nesse ponto - reconhecê-lo, na verdade -, que minha vida deu um nó. como alcançar o sonho de vida que havia projetado na adolescência para perceber que nada disso traz felicidade? claro que essas coisas são importantes para amparar os projetos que a gente possa seguir. saber que o salário cairá na conta todo mês ajuda muito, traz estabilidade. mas a constatação de que a vida material estava cuidada me permitiu olhar mais fundo para as outras questões. como ser feliz com tanta coisa errada a nossa volta, incluindo ações nossas mesmo. claro que ter chegado onde cheguei, além dos privilégios de família branca de classe média (que, obviamente, pesaram muito nessa balança), contou com algum esforço de concentração de energia e intenção. as coisas não apenas aconteceram por acaso. mas, agora, algo falta. e é isso que tenho buscado nesses últimos dois ou três anos.

as pessoas que conheci, as experiências que vivenciei, os livros que li, as emoções que senti acho que se aproximam - em quantidade e qualidade - do conhecimento formal (intelectual) que adquiri ao longo de décadas. sinto-me em um intensivão de autoconhecimento. de me redescobrir. de experimentar ser outras coisas. por um lado é muito libertador, por outro, muito doloroso. porque resolvi entrar em contato com quem sou por inteira, o que, né, traz à tona muitos aspectos horrendos da personalidade, que são, inclusive, muito difíceis de admitir. olhar para esse lado mau na tentativa de trabalhá-lo, transformá-lo, é tarefa árdua e muito dolorosa. mudar os padrões. não voltar para o que fui aos 20 e poucos anos, quando era revoltada com o mundo.

não sou mais revoltada. talvez seja até um pouco resignada. minha postura hoje é mais de observar, entender como as coisas funcionam. para, então, prospectar formas de agir para mudar esse mundo.

na maior parte do tempo, fico em silêncio (as pessoas que me conhecem em contextos sociais, normalmente, não têm essa ideia, mas, na rotina, no dia a dia, consigo passar um dia inteiro sem pronunciar nenhuma palavra, exceto aquelas da polidez - bom dia, obrigada, etc.), observo. observo para fora e para dentro. o que está acontecendo? por que estão agindo assim? como estou sentindo-me agora? e, ultimamente, tem sido esse turbilhão. me arrumo, me maquio, me penteio, vou trabalhar simpática e educada, mas, no meu silêncio, uma tempestade interna de emoções e sensações. o choro esporádico que aparece sem muita introdução. a necessidade de respirar fundo, pôr um mantra para ouvir, acalmar a mente e o coração e fazer o que precisa ser feito.

estou buscando essa força, esse poder. nessa guerra contra o ego, contra os apegos. derretendo tudo em lágrimas. respirando fundo a cada passo em falso. e são tantos.

terça-feira, 23 de maio de 2017

uma cachoeira


posso até ser uma rocha, mas uma que chora todos os dias. em resumo, sou uma cachoeira. haha

a lua está minguando, quase nova. as coisas acalmaram-se. resolvi a questão do trabalho, sou toda alívio agora. voltei a meditar e voltei à dieta, depois de quase um mês de tensões, nervosismos e indecisões.

na aula de tarô, aprendi uma técnica - que, na verdade, referia-se à carta dos Amantes. quando você está em um dilema, elenca os prós e os contras dos dois (ou mais) lados da questão. daí, bem informada, decide. depois de decidir, não olha para trás. nunca mais. imagina que sonho.

passeei com o gato pequeno ontem. foi a primeira vez em que ela não reclamou de sair de casa. foi de noite, o que acho que ajuda. ela dava dois passos e se jogava na terra. rsrs foi fofo. foi rápido, mas foi bom. até para diminuir minha culpa, de não estar dando tanta atenção a esses gatos carentes e cheios de energia.

então vamos cuidar do que dá, né, que, amanhã, a lua entra em touro, para a nossa alegria. enxuga as lágrimas, respira e vai.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

é proibido cochilar


sim, foi uma semana intensa. como sempre é na lua cheia. parece que o mês fica juntando as questões todas, para virem à tona nessa semana em que a lua se opõe ao sol. sol e lua, um de frente para o outro. é a hora em que as emoções guardadas se escancaram. e assim foi a semana.

estou conseguindo manter-me calma (só os mantras salvam). comecei um livro novo. mas estou com um apetite absurdo. minhas sopinhas de vagem não estão segurando. pelo menos, não estou bebendo, o que ajuda (muito) a manter o foco. fiz as pazes com o menino do forró. o gato pequeno aprendeu a pular alto (me matando de fofura). assisti ao filme mais lindo, Lars and the real girl. voltei a trabalhar. as coisas parecem estar reorganizando-se. temos só mais uma noite de lua em aquário, da qual, claro, aguardo mais emoções. e, assim, podem vir. não tenho mais medo.