segunda-feira, 8 de junho de 2015
sapatonices
nem dá para acreditar. quem diria, eu uma autêntica sapatão.
faz cerca de três meses que você apareceu na minha frente, do nada, olhou-me nos olhos e deixou-me hipnotizada desde então. as mensagens fofas (e abundantes!). teu jeito diferente, tão especial.
nosso primeiro encontro meio que decidido na última hora. teu cabelo desgrenhado naquele coque, com o colar de olho de boi, você sentada com perna de chinês em cima da cadeira, derrubando tudo de cima da mesa. o jeito como você puxou minha nuca quando me inclinei para te beijar. você na minha casa, naquela noite perfeita.
o café da manhã na padaria. você com o cabelo solto, todo louco, mesmo depois de ter secado com o secador do gato grande. a despedida no ponto de ônibus.
aquelas milhões de fotos que você tirou naquele dia e enviou, indicando que estava pensando em mim. gostei tanto daquele poema nas paredes (?) da UnB. mostrei para todo mundo. hihi
nosso segundo encontro, você suuuuper atrasada, perdida na minha quadra. o teu sumiço de uma semana. quase surtei junto. tua psicóloga não acreditando em meu envolvimento em tão pouco tempo. "somos lésbicas, é normal!".
aquele sábado em que tua irmã e tua mãe me explicaram o que acontecia. chorei tanto. ouvi aquela música de que você não gosta. ouvi sem parar naquela noite. havia criado expectativa de ir te visitar no domingo. mas não rolou.
as tuas mensagens. os telefonemas de horas. eu fazendo mudança e esperando a hora em que você telefonaria. foram férias emocionais tão intensas! cuidando da casa e te esperando.
a tua voz. acho que soube que a história iria mesmo acontecer quando nos falamos ao telefone. tua voz calma, tranquila. tão contraditória. nosso encontro quase furtivo no dia do aniversário de tua mãe. aquela foto louca tua de cabeça para baixo, à la Francesca Woodman. eu chorando descontrolada, de emoção, bem boba e dramática.
a partir desse dia, perdi todo o controle. já sabia que não haveria mais volta. o que me deu muito medo, pois não sabia por quanto tempo você ficaria internada. era como manter um relacionamento a distância.
e daí que, hoje, você está aqui. às vezes, nem acredito. no tanto que é bom e no tanto que você me tornou mais lésbica. rs
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