terça-feira, 8 de dezembro de 2015

o terceiro olho

ainda é pouco perceptível externamente, mas sinto as coisas mudando em mim. este ano tem sido bastante intenso, com algumas mudanças de parâmetros, que me têm obrigado a reorientar a forma de enxergar as coisas.

no domingo, por exemplo, pela primeira vez, enxerguei-me por dentro. por mais metafórico que soe, pareceu tão real que ainda não sei precisar se aconteceu mesmo ou se foi imaginado.

já havia decidido que, nesse ritual, faria diferente. começou com a palestra, em que a matriarca enfatizou a importância de manter os olhos fechados - instrução que segui. foi um pouco confuso no começo, quando começou a cair uma tempestade - o que até combinou com o momento de homenagem a Iansã. entrei como em um susto. entrei na paranoia, achei que fosse passar mal. cheguei a ir ao banheiro, mas só choreeeeeeei. voltei, deitei-me, fechei os olhos e embarquei em uma viagem que sinto que me deixará marcada por muitos anos.

enxergava pessoas, que vinham, olhavam-me e "diziam" coisas sem pronunciar palavras. minha mente ainda estava lá, eu começava a racionalizar o que estava acontecendo, até ouvir uma voz dizendo "pare. deixe acontecer. entregue-se". percebi de onde vinha meu medo: de estar em uma festa, com desconhecidos, fora da consciência e correndo riscos reais. foi importante, pois, naquele dia, tinha consciência de que não corria esses riscos, que não seria perigoso deixar-me ir. sabia que não ia morrer e que nada de ruim aconteceria. e foi assim que fui.

alguns momentos foram angustiantes, amainados pela proximidade física das outras pessoas, que, como eu, espremiam-se naquele pavilhão. a sensação do cobertor da pessoa a meu lado esquerdo, o choro da guria do lado direito - por mais dor que emanasse - tranquilizavam-se, lembravam-me de que eu não estava sozinha na experiência.

junto com as cores que vinham, mudavam, mesclavam-se - como em uma viagem de LSD, dessas de filme mesmo -, aparecia uma luz, que batia em minha testa, que me ofuscava um pouco. nessas horas, não resistia e abria os olhos, para conferir se o sol havia aparecido. fiz isso umas três vezes, até convencer-me de que nada no ambiente exterior havia mudado, estavam todos deitados, nenhum movimento, nada acontecendo. era como se estivéssemos todos em uma matrix.

não tive coragem de tomar outro chá. fiquei ali, deitada, tentando processar o que havia acontecido, forçando minha mente para não perder a memória de nenhum episódio. prestei atenção em meu corpo, em como me sentia. estava tão relaxada. regozijava-me pensando em qual havia sido minha proposta de reflexão para aquele dia em contraste com as descobertas que acabei fazendo, que não tinham nada a ver com aquele assunto.

foi intenso, bonito. tive vontade de abraçar as pessoas no final (o que acabei fazendo com algumas "vítimas" que só tinham a intenção de me dar um tchauzinho haha). mal vejo a hora de voltar. queria ir na próxima semana, mas decidi fazer as coisas com calma, sem deixar esses momentos atrapalharem minha vida social. vamos encontrar esse equilíbrio.

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