foi uma semana difícil, como seria de esperar. fiquei doente ontem, com intoxicação alimentar. algo não havia descido bem, sabe? acho que foi a passagem do Ludwig, cujo processo começou exatamente na quinta-feira anterior.
fiquei de cama. assisti a dois filmes difíceis (um sobre jovens perdidos e drogados - Heaven knows what - e outro sobre o nazismo - Elser), tive picos de carência, mas recebi visita das duas amigas mais queridas. jantei sopa, ganhei reiki e o abraço mais gostoso, que me fez dormir a noite inteira, tranquila e naturalmente.
hoje, precisei ir à roda de tarô. estava com a ideia fixa de experimentar um em particular, que pensava em comprar, mas que não estava lá. porém, estava outro, que talvez seja exatamente aquele de que precisava.
daí, descobri esse artista lindo e iluminado, Arun, que me trouxe uma paz que não consigo descrever. quero muito testar ouvir nos momentos de ansiedade.
Ludwig foi meu maior amor, meu amor maduro. maduro na idade, ele já no auge de seus 18 anos (88 anos, convertendo para o tempo humano), e na forma. aquele amor absoluto, puro, de doação, sem pedir nada em troca. nossa linguagem não falada, nossa comunicação por toque, sentimentos, pela forma como eu o pegava no colo, como o observava, para entender seu humor do momento, se estava feliz, se estava precisando de alguma coisa. coisa que ele fazia comigo também. como naquelas horas - um pouco mais raras nesses últimos tempos - em que ele me procurava, deitava a meu lado, ronronando e, casualmente, descansava sua pata em cima do meu braço. como que me consolando, reafirmando que não importava o que estivesse acontecendo, que ele continuava a meu lado. embora tenha acontecido tudo muito rápido (em 10 dias), as coisas tiveram uma fluência. primeiro porque sinto que eu já estava preparada. além dos bigodes brancos, ele já se locomovia diferente, desde acho que o começo do ano. já estava sentindo que algo havia mudado. daí, 10 dias atrás, ele passou mal, não queria comer, passava o dia deitado. uma amiga querida fez reiki nele, e ele melhorou, voltou a comer, a passear. quatro dias depois, ele acordou tranquilo, me procurou. servi sua comida e vi-o parado ao lado do fogão, com pouco equilíbrio. às vezes, ele fazia isso de parar, do nada, por alguns segundos/minutos. como se estivesse pensando no que fazer. coloquei-o no sofá. ele esticou o pescoço, jogando a cabeça para trás, e, dessa maneira, passou o dia. vi-o assim na hora do almoço, quando voltei do trabalho e quando voltei da caminhada, à noite. ao dar-me conta de que ele havia passado o dia todo assim, entrei em desespero. levei-o ao vet, que aplicou um sedativo. no dia seguinte, tivemos a consulta com a especialista em gatos. mais tarde, veio a tomografia e a notícia do tumor no cérebro. cheguei em casa e comecei a despedir-me. já havia prometido a ele que não o submeteria a tratamentos invasivos nessa fase da vida, que faria de tudo para poupar seu sofrimento, após ter vivido uma vida tão linda e confortável. as amigas deram a força de que precisava. mesmo assim, fui dormir com o coração pequeno. de manhã, soube que ele se levantou sozinho do sofá, deu uma volta pela sala, miou. a amiga acha que ele deve ter tentado ir procurar-me no quarto, cuja porta estava fechada (porque o outro gato não conseguia dormir e, como é típico, pretendia ter companhia a noite toda a qualquer custo..). fui fazer o café e minha xícara de gatinho caiu no chão e quebrou. aquela que eu havia ganhado de aniversário da amiga escorpiana.
às 17h, chegamos para a consulta com a oncologista, que confirmou a gravidade do quadro dele. ela disse que ele estava em ataraxia, estágio anterior ao coma. a amiga segurou minha mão. telefonei para a outra. mas, não havia dúvidas. e, assim, tomei a decisão mais difícil que já tive de tomar, pela eutanásia.
foi tudo muito rápido. mais uma vez, agradeci a ele por ter caminhado comigo durante essas quase duas décadas. pedi perdão pelas vezes em que o machuquei. e, ele foi-se já com a anestesia. em alguns segundos. achei ter sentido seu ronronado lindo quando tudo terminou.
passei o resto do dia com essa pessoa muito querida, que me levou para uma caminhada, para um banho de alfazema, que me abraçou a noite toda, que me ouviu. mesmo assim, quase não dormi.
estava ainda em dúvida se ia ao ritual de domingo. no final, fiquei feliz por ter decidido que sim, pois, lá, descobri que aquele era o último do ano, além de a egrégora ser de fechamento, algo que cabia perfeitamente em meu momento atual.
foi um ritual diferente, você não podia ficar deitado. a primeira parte foi de concentração (ficamos sentados), a segunda de bailado (dançar e cantar os hinos) e a última de fogueira e cachimbo. chorei o trabalho inteiro. tive a intuição de que o Ludwig havia sofrido muito nos últimos dias, que sentia muita dor quando era movido (como o foi para chegar às 3 consultas e ao exame). também, que era a isso a que a taróloga se referia sobre um processo meu que estaria prestes a terminar.
ontem, celebrei a cerimônia de cremação. levei as graminhas que ele adorava e incenso. cantamos Recado à mãe divina abraçadas. depois, levei as cinzas para o jardim do bloco D da SQS 212, onde ele passou parte significativa de sua juventude e o que imagino que tenham sido seus melhores e mais longos passeios.
o resto do dia foi de paz. cruzei com alguns gatos pretos durante uma caminhada. conectei-me com um de pelo mais longo, que, de alguma forma, remeteu-me ao Ludwig.
e, assim, fechei esse ciclo. ainda preciso processar a ausência dele no dia-a-dia. como na hora de dormir - costumava deitá-lo no travesseiro a meu lado e dormíamos sempre juntos. de manhã, acordava e ia procurá-lo no sofá. sentava-me com ele no colo, conversávamos, perguntava como ele estava se sentindo, como havia sido sua noite, enchia-o de beijos. daí, levava-o para tomar café da manhã. depois, limpava seus olhos com soro e pingava as gotinhas do abençoado remédio homeopático para os rins, os quais nunca mais deram problema. por último, enchia um tupperware pequenininho com água, que era o melhor presente na opinião dele. hehe ele tinha uma vasilha bem maior com água limpa, mas gostava mesmo era dessa água, que bebia até a última gota, mesmo que passasse o dia parada e já estivesse quente.
hoje, quando acordei, sentei-me no sofá e abracei a mantinha dele, relembrando os últimos dias, quando o levei para o vet enrolado nela. talvez precise fazer isso pelos próximos dias, até gastar. até gastar a dor e conseguir lembrar-me dele lindo, querido, amoroso, iluminado. da forma como ele sempre foi.
já vinha recebendo o chamado do tarô havia um tempo. inscrevi-me em um curso, que veio a ser cancelado. daí apareceu esse de tarô intuitivo. uma imersão de 6 horas que se propunha te ensinar a sentir as cartas, sem precisar do conhecimento formal. foi irresistível. especialmente após ver a foto de uma amiga na edição anterior. organizei todo meu fim de semana para estar de pé às 8h do domingo e fui.
foi lindo. começou com uma meditação. depois, você trabalhava com outra pessoa e precisava sentir a energia dela, dizer o que você percebia. em dado momento, fiz dupla com a professora, que me trouxe notícias boas, sobre a conclusão de meu processo, que estaria muito próxima. ela disse que eu não precisava sentir medo. é engraçado isso de as pessoas sempre verem medo em mim. ele deve ser muito forte mesmo.
o almoço foi uma experiência à parte, com tanta gente interessante. fiquei sabendo tudo sobre o curso de leitura de aura de Piracanga e do caminho de Santiago. me fizeram adivinhar os signos das pessoas (rsrsrs) e fui até bem sucedida, exceto pela geminiana que achei que fosse virginiana (naquele sentido de "já sei que é um signo que adoro.." haha)
à tarde, começamos a ler as cartas. foi emocionante, principalmente a conexão com a sagitariana, de quem consegui sentir uma história bem concreta que havia acabado de concluir-se. fiquei muito empolgada. e, exausta também.
na segunda-feira, não consegui fazer nada. parecia aquelas segundas pós-ritual, de lágrimas e sono. não consegui nem fazer uma caminhada, fiquei prostrada na cama assistindo a filmes. imagino que deve ter sido toda a energia desprendida.
dei-me conta de que o sol está em trânsito por minha casa 12, o que justificaria minha intuição afiada desses tempos e, também, a vontade de ficar mais quieta, em casa. pensei também na minha conexão com sagitário, onde fica meu netuno. talvez seja uma coisa meio espiritual mesmo.
mas, a verdade é que tenho andado sonolenta desde a sessão de Barras. alguma coisa deve ter sido liberada naquele dia 25 de novembro. algo que ainda não assentou..
esta semana, comecei a organizar a vida. na segunda-feira, fiz o almoço, cozinhei as batatas do jantar e fiz uma sopa.
na quarta, fui ver a exposição de Los Carpinteros, no CCBB. gostei de algumas partes, mas confesso que não me chamou muito a atenção.
ontem, fiz a avaliação física para as aulas de corrida. já esperava que o sistema fosse apontar meu sobrepeso. o que me surpreendeu (ainda que tivesse trabalhado para isso) foi saber meu percentual de músculo é maior do que o de uma pessoa média, e que se concentra, sobretudo, no tronco e nos braços. a gordura, por sua vez, está bem distribuída pelo corpo inteiro (mas disso já sabíamos, não é mesmo? hehehe). minha meta será perder gordura abdominal.
daí, com a avaliação em mão, fui ao treino no parque. estava acostumada a correr cerca de 200 metros e descansar. mas sugeriram eu tentar a volta de 4 Km com a coleguinha. resolvi experimentar, na louca. claro que não consegui completar. corri a metade sem parar e caminhei o resto do percurso. fiquei bem feliz em saber que consigo correr (quase morrendo, mas consigo!) 2 Km sem descanso. hoje, estou toda doída, mas super realizada.
esta semana, também, descobri essa rapper feminista, Lay, por quem estou morrendo de amores.
sinto-me inspirada e animada para o fim de semana. principalmente após ter recebido o 13°... hehehehe nada como deixar as contas quase em dia..
começou meu trânsito bom.. quero aproveitar cada segundo..