sexta-feira, 18 de setembro de 2020

alguém me tire da cama

esta semana, me percebi no modo sobrevivência. limpar a casa, comer, trabalhar, fazer o mínimo da yoga, uma caminhada diária de leves, o mínimo necessário, cumprir com os compromissos, responder as mensagens, postar uma coisa ou outra nas redes. tudo funcional. mas, fora isso, não levantar da cama. meu organismo deve ter alguma descompensação dos hormônios do sono, porque passo dias sem dormir ou sem dormir direito e dias em que nada tira meu sono, nem o café. tenho dormido entre 10 e 11h por noite, sonhado muitas coisas, daí levanto, faço o café, leio o jornal e volto pra cama. não tenho tido vontade de ver filmes, de estudar, de sair, de nada. vontade só de desaparecer.

a terapeuta de body talk disse que fui envenenada no almoço do domingo (mesmo que a pessoa não tenha tido essa intenção). não deve ter sido à tôa que passei mal 2a e 3a o dia todinho. 

estava me mantendo fora dos aplicativos de relacionamento e buscando não flertar, mas claro que sempre aparece alguém aqui ou ali. rolou até uma noite legal na semana passada, foi bom, estava precisada, mas daí ficou a expectativa de acontecer de novo, só que não aconteceu. lidei com a frustração e cá estou me sentindo completamente sozinha outra vez. joguei tarô pra uma crush aí outro dia, mas ela está enclausurada desde que começou a quarentena. esse está sendo um grande desafio desses tempos, arrumar novos amigos sendo que a maioria das pessoas não está saindo de casa. 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

eu não tenho ninguém, mas também ninguém me tem

veja bem. eu não tenho ninguém. eu tenho um trabalho estável, tenho a minha formação, tenho uma casa e as contas pagas. mas estou sozinha na quarentena. não tenho ninguém. não posso contar com pais, irmãos. minha família me quer bem, mas é distante e mora longe. a pessoa mais próxima que tenho de família aqui é uma amiga, que, agora, está vivenciando um luto e arrumou uma namorada que tem ciúmes de mim.

então é isso. eu não tenho ninguém com quem contar. quando foi reconhecida a pandemia, todo  mundo ficou em silêncio, provavelmente checando os seus próximos, se estavam bem, se estavam precisando de alguma coisa. pra mim ninguém telefonou, não recebi nenhuma mensagem. se acontecesse uma emergência e você tivesse 3 pessoas para levar, eu certamente não estaria na sua lista, nem na sua, nem na de ninguém.

e é por isso, por ser tão só no mundo, que cuido de mim mesma como uma loba cuida de seu único filhote. não deixo ninguém me botar pra baixo. ninguém me trata mal e continua na minha vida. eu sou a minha própria cria e ninguém encosta nela. no meu reino, só entra o amor e quem cuida da porteira sou eu. porque, se algo acontece comigo, quem precisa socorrer sou eu mesma. então preciso estar sempre bem. sempre bem para caso eu precise socorrer eu mesma. e eu faço isso do jeito que eu achar melhor, pois, se há uma vantagem em ser sozinha, é ser livre para fazer o que eu quiser.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

registros akáshicos


sim, eu consegui a proeza de desenvolver um mini relacionamento em plena quarentena. foi irresponsável? com certeza. ainda mais porque ela não só não estava respeitando o isolamento, como estava de rolê quase todo dia.

mas não resisti. ela não sabe disso, mas eu já estava apaixonada, platonicamente, um mês antes de a gente se conhecer pessoalmente. até conversarmos por vídeo e tudo ficar claro. aquela latinha de cerveja ´você podia estar aqui´. eu já sentia que seria um caminho sem volta, o tarô confirmando com o arcano 22, registros akáshicos, reiterado em vários jogos.

bateu tudo. o cheiro, o temperamento, o toque. ela saindo de um casamento, dizendo que, por um lado, é cedo para se envolver. por outro, que estava começando a gostar de mim também e que, por isso, havia ´fugido´. ela usou essa palavra. uma fuga longa de uma semana. sofri como um cachorro abandonado.

você não vai chorar, né? me deixa. vou chorar o quanto quiser, principalmente agora. vou chorar todos os dias.

a amiga dela dizendo que admirava minha paciência com ela. você gosta dela, né?

você tava gostando de mim? estava, sim. eu também. mas, pra mim, não dá. não é o momento. mas não vou aceitar você sair da minha vida assim. pois essa escolha não é sua. e saiba que te acho irresponsável, tá acompanhando que morreram mais de 10.000 pessoas no Brasil?

sábado vai ter live da ana carolina. te desejo boa sorte. na verdade, a mim também.

a última conversa intensa girava em torno de uma prateleira que eu ia deixar para ela na minha casa. eu me apego fácil, sabia? eu também.

terça-feira, 28 de abril de 2020

filhas de xangô

ontem fazia 39 dias em que eu não tinha nenhum contato físico com ninguém. mesmo quando encontrei uma ou outra amiga para fazer uma caminhada na rua (não deixei ninguém entrar na minha casa e também não entrei em nenhum lugar fechado), mantinha a distância física.

a gente tinha combinado de se conhecer nesta lua em câncer. ela queria que eu fosse até a casa dela, mas me senti insegura. só que aí ela não conseguiu com quem deixar a filha. o tarô me disse para controlar os instintos e não aceitar, que ia rolar. achei contraditório, mas fui entender depois.

sondei com uma amiga em comum, que disse que, apesar de mulherenga, ela é boa pessoa e que não ia me matar. hahaha achei relevante.

marcamos um tarô online. eu a achei tão sincera. e linda igual nas fotos. tinha passado o dia ansiosa com esse encontro virtual, mas já sabendo que teríamos um presencial na semana seguinte. foi louco porque a internet não parava de travar, os aplicativos também, às vezes os meus, às vezes os dela. no final, deu para completar o tarô e conversamos mais um pouco até ela precisar desligar porque estava com pouca bateria.

depois, me mandou uma foto de uma cerveja -- ´você podia estar aqui´. e assim eu fui.

uma amiga me disse que é perigoso se envolver com alguém com filhos, porque o amor vem ampliado. e a filha dela é linda. ela brindou ´a nós´. disse que queria casar na praia. perguntou se eu via problema em me relacionar com mulheres mais novas. disse que tinha nascido no Rio. a filha dela brincava enquanto conversávamos no sofá como se já tivéssemos intimidade, passando a mão na coxa uma da outra, fazendo cafuné, perguntando essas coisas da vida, onde você trabalha, o que gosta de comer. ela ama cozinhar. e casa arrumada. e é linda.

deixou a menina no banho, chegou na sala e me jogou contra a parede. fazia tempo que não ganhava uns amassos desses de seriado de lésbicas. toda a falta de contato físico dos últimos 39 dias compensada ali.

um beijo de despedida e ela me levou até o carro. quando estava entrando, ´me dá outro beijo?´. e mensagem quando chegasse. na próxima vez, fica pra gente dormir de conchinha? queria que eu levasse uma marmita do macarrão que tinha feito. disse para aparecer lá sempre que quisesse. que a gente não esperasse até segunda que vem pra se ver de novo.

ainda pode ser a carência da quarentena, mas, pelo menos, a história está um pouco menos platônica. e fiquei feliz de ela ter falado, cedo, no telefone, que queria muito me ver. não entendo bem o que vinha interpretando como indiferença da parte dela. ela diz que é timidez, mas acho que é charme. tenho zero experiência com librianas, mas conheço bem a fama. inclusive, descobri que leão e libra formam um casal muito amoroso e carinhoso. e ela é muito carinhosa. me sinto à vontade perto dela, não consigo tirar as mãos de cima dela. ela é tão macia e doce e agradável. e fica repetindo pra mim o quanto é uma pessoa fácil de conviver, que é muito tranquila e que é muito difícil brigar com ela. é como se o universo tivesse ouvido tudo que pedi.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

alegria e tristeza são contagiantes

ontem, havia decidido que esta seria uma semana de menos dramas. fui tomar banho no lago, me esquivando das pessoas dos churrascos. daí encontrei a amiga na pracinha, para bater papo e beber vinho. fiz faxina na casa, assisti a um filme japonês, comi bacalhau.

daí hoje começo o dia consolando uma amiga que surtou ontem. daí outro amigo vem perguntar como estou. então, duas vezes, o assunto. à noite, uma amiga mandou mensagem contando como tem mantido a alegria em um nível razoável pro momento. três vezes o assunto. tem dia em que você tá bem, mas os outros, não.

minha gerente já vinha há uma semana me cobrando uma coisa que ela sabia que eu não tinha como acessar a não ser que fosse até a repartição. hoje, de novo. então pus uma máscara e fui. pelo menos, isso tá resolvido.

comecei a assistir a um filme que me indicaram, comi mais bacalhau e batata frita. louca para começar as aulas de dança, amanhã.

ontem, quando saí de casa e vi o sol, chorei de emoção. a área dos olhos assada de tanto chorar. as lágrimas chega ardem.

mas tá tudo bem. amanhã tem reunião de trabalho de manhã e decidi que, se tiver sol, vou nadar de novo. porque felicidade melhora o sistema imunológico.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

lobisomem na pandemia

a primeira semana de quarentena foi a de compreender o que estava acontecendo, ler as notícias, fazer previsões, organizar a rotina. resolvi estender a yoga de 3 para 6 vezes na semana. pus os estudos acumulados em dia. terminei o curso de cristais. no final, estava com dores musculares constantes e estressada, com a cabeça cheia. chorosa e de TPM. resolvi dar uma relaxada. a professora de yoga orientou que eu não precisava fazer a série completa todos os dias, que algumas posturas já seriam o suficiente, que era para eu ouvir o corpo.

então, na semana dois, ouvi o corpo, que nunca queria fazer a série completa. só quis um dia. como resultado, voltei a dormir mal. comecei a receber muito trabalho, que foi acumulando-se, porque tive dificuldade em acessar os sistemas eletrônicos porque meu computador é diferente do do trabalho. alguns arquivos do pendrive simplesmente não abriram. esses foram alguns perrengues da semana dois.

no domingo, acordei cheia de energia, depois da conjunção exata entre júpiter e plutão em capricórnio. levantei cedo. fui tomar banho no lago. pessoas sem noção fazendo churrasco, como em um domingo qualquer. tomei meu banho, que deve ter durado uma hora, longe de todos, dei mais umas voltas de carro e retornei.

me percebi apaixonada platonicamente por uma pessoa que conheci nesses tempos. era um match antigo, acho que de outubro. tínhamos trocado duas ou três frases, até eu conhecer a ariana, com quem estive envolvida até fevereiro. e, agora, redescobri a moça das duas ou três frases, logo que reinstalei o programa. uma tentativa de contato um mês antes, que respondi agora e que tem preenchido os dias solitários.

usei minha tática de sempre, de sensualizar logo no início. ela correspondeu e me chamou pra sair. e veio a quarentena oficial, que fechou os bares e os estabelecimentos comerciais, em geral. não nos encontramos. e, assim, fiquei louca por ela platonicamente. mulher da minha vida. onde você esteve esse tempo todo? hehe

na outra semana, a paixão era paixão boa. nesta, é paixão angustiada, de não saber quando vou vê-la. tive vontade de trocar vírus com ela. mas sei que seria irresponsável.

ela me lembra muito a mulher que me apresentou à Bethânia. talvez isso explique a rapidez com que me conectei com ela. os olhos são parecidos, o jeito simples, a segurança. eu adoro gente que não se intimida por mim.

trabalhei pouco esses dias, mas tenho tido muitos atendimentos de tarô e happy hours, quase toda noite. quando não é isso, são os trabalhos do terreiro, que tem andado muito ativo nesses tempos, grazadeus.

a terapeuta não está bem, parou de atender. entendi que preciso passar por isso tudo sozinha. se há uma coisa que não tenho sentido é tédio. enlouqueço em alguns dias. me divirto sozinha em outros. tenho estudado, assistido a filmes e ganhei trabalhos diferentes, que têm tomado meu tempo, porque me demandam aprender coisas novas.

é muito triste a situação de pandemia, minha vida está toda revirada, mas de um jeito que não é totalmente ruim.

sábado, 14 de março de 2020

teus filhos bambeiam mas não cai

é sobre se sentir forte porque amada. chorei no aniversário ontem. no segundo, digo. o primeiro foi lindo porque vi uma amiga querida de quem andava distante. sei que ela continua sendo uma de minhas referências de amizade, porque está sempre presente nos momentos importantes da vida. mas fazia tempo que não conversávamos direito. como cheguei cedo, conseguimos fazer isso. me deixou feliz.

depois, fui no aniversário dessa que está se tornando uma amiga nova. triste que esquecemos de tirar foto. mas feliz por ter conseguido dizer a ela como me sinto. como a minha colega de trabalho, que me pediu uma leitura de tarô e, ao final, disse que não tinha tanto uma questão, mas que queria mais era se aproximar de mim. consegui dizer à de ontem o quanto tenho gostado de conhecê-la. contei que chorei outro dia pensando nela. como estou chorando agora. lembrando da mensagem dela, hoje, de manhã, perguntando se estou doente porque fui à festa dela. claro que não. e mesmo que estivesse. é tão importante estar nos lugares, ser presente na vida das pessoas.

o ano mal começou e já estou feliz com isso. de ter ido ao enterro da minha avó, que causou um rombo nas contas e que levou quase tudo que eu havia recebido das vendas do livro. de ter passado mais um dia com a família. de ter ficado hospedada na casa desse tio que era distante, mas que agora parece tão mais próximo.

me sinto forte porque amada. me sinto feliz por ser quem eu sou. por estar descobrindo todo esse poder dentro de mim.

hoje, saí com minha guia de xangô. não sabia bem por quê na hora. mas soube depois.

tinha sonhado que você tinha surtado. você apareceu no meio de um sonho que não tinha a ver com você. apareceu e surtou.

na lua nova, você não foi me buscar no aeroporto, na experiência que foi, provavelmente, uma das mais fortes pra mim. minha avó era a pessoa que mais gostava de mim, no mundo. ela foi a primeira pessoa a me ensinar sobre amor. você não se dignou a ir me buscar. era o primeiro dia de lua nova. você foi pular carnaval com as suas amigas.

depois que nos vimos, você brigou comigo porque as pessoas que eu encontrava não te cumprimentavam. como se fosse culpa minha.

você chegou a minha casa e brigou comigo antes de dormir. porque você se sentia doente. como se fosse culpa minha.

no outro dia, você brigou comigo sem motivo outra vez.

e agora veio a lua cheia. estava tudo escrito. você não gosta de amar. você gosta de brigar. brigar foi só o que você fez esse tempo todo. você não construiu. você não dialogou. você chegou sempre arrogante, com a sua verdade agressiva. que agora é só sua.

meu dois de copas que estava descolado. que colei na tarde de hoje. nada acontece por acaso.