sábado, 24 de maio de 2014

ninguém

não sei se foram os estresses das duas últimas semanas, a mudança na série da academia, os eventos sociais quase todos os dias, a volta aos estudos, a dieta ou se tudo isso junto, mas tenho andado completamente exausta. ontem, se não fosse o jantar, teria ficado fácil em casa. daí que não consigo sair da cama. devia dar banho nos gatos e fazer compras no super, mas a única coisa que consegui foi almoçar. então, vamos passar a tarde na cama, com os gatos, fazer pudim com o novo adoçante que chegou, tomar um longo banho de banheira, ouvir essa nova rádio de música erudita, tomar café e coca-cola e planejar as próximas férias.

chegou o momento, estou, realmente, precisada. decidi que vou até viajar. para meu pânico. descobri que tenho fobia de viajar. de avião, especificamente, embora não tenho medo de avião. detesto toda a situação, desde o trajeto até o aeroporto, aquela impessoalidade de aeroportos e hotéis, até o voo em si, os comissários mal humorados, os passageiros mal educados, ficar presa naquela poltrona apertada com crianças que gritam, gente que ronca, homens que se masturbam com os fones de ouvido, sem ter para onde correr. é em tudo isso que penso quando cogito viajar.

a glória foi quando voltaram a vender cerveja nos voos nacionais. nem preciso mais esconder as garrafinhas na bolsa. pelo menos, isso eu posso controlar, meu estado de consciência. preferiria vinho e água, mas nem isso você consegue direito. já quase briguei com uma comissária ao pedir que completasse minha garrafinha de água, em um voo que ainda duraria a noite inteira. água. "se eu der para você, pode faltar para os outros". sendo que eu sequer podia levar água para dentro do avião. tenho esse hábito, que dizem ser saudável, de beber muita água. agora, imagina no ar condicionado.

e tirar visto? um constrangimento sem fim. as pessoas te analisando, se você é apta a entrar no país delas. sendo que você nem fazia questão daquele lugar em particular, podia ser o país vizinho, ou de outro continente, tantos lugares para visitar. daí você pensa por que precisa passar por isso. a tua casa é confortável, há os gatos (outra dificuldade para viajar: certificar-se de que eles ficarão bem - uma vez, soube que o gato velhinho passou quase um mês com conjuntivite, quase sem comer, sem sequer haver sido levado ao veterinário, o que dirá tomar remédio), a internet, os filmes, os amigos por perto.

mas, ninguém entende. você não entende, ninguém entende.

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