terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

grama verdinha

amei o consultório. o local é de difícil acesso, fica longe do trabalho, portanto longe da academia (que é para onde vou depois), é difícil de estacionar (e é difícil de chegar de ônibus), é difícil de passar na catraca (o teclado para a senha dá problema), o lugar é apertado, cheio de gente, a sala é pequena, quente, desconfortável. ela é tosca, mais velha e mulher. exatamente como eu queria. nem acreditei.

acordei com dor em dedos aleatórios (desses que não se usam para nada.. será?) e nas panturrilhas. não entendi. deve ter sido algo durante a noite. essa, como as últimas sete, que foram superadas com remédios, esses que quero\vou largar. estavam lá na mesa de cabeceira. a última caixa. mesmo. promessa.

exercício de paciência e resiliência. não sei onde dará, se será bom, mas preciso experimentar. essa consciência que me tomou nessas últimas semanas, mesmo com substâncias (álcool, remédios), veio dizer alguma coisa. sinto isso.

a grama do vizinho é mais verde. foi o que ela disse.

esbarrei nessa colega de trabalho no mercado. ela estava lá, naquele desânimo habitual, com duas crianças jogando-se no chão, correndo. tentou pedir ajuda a eles para descarregar o carrinho. aquela mulher linda. toda apagada. inclusive, foi uma das pessoas de quem fiz o mapa astral. casou-se muito cedo, teve filhos, está em cargo comissionado. não consegue ir atrás de seus sonho, que é estudar para concurso.

senti-me mal com meus problemas. pensei em por quantas batalhas não passam as pessoas a nossa volta. pensei nas amigas do Daime. nas histórias de sofrimento que tenho ouvido.

todxs sofremos, de um jeito ou de outro. preciso parar de pensar em suicídio. essa energia não vai acabar. existindo reencarnação ou não, tudo vai para algum lugar. como as dívidas que passam dos de cujus para os descendentes. é injusto. ninguém tem culpa. por exemplo, os gatos não têm culpa.

tenho refletido sobre isso. que, se minha vida é chata e sem sentido, a de todo mundo é. a felicidade é sempre tão efêmera. minha única paz é com o chá e minhas corridas. acalentam o coração.

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