você decide ajudar a pessoa, e ela fica com ódio de você, que só levou as informações. no lugar dela, eu teria gostado de saber. tive muitas dúvidas sobre se deveria me meter na situação ou não. na hora, resolvi que sim, afinal, já estava bem envolvida na história toda. coloquei-me no lugar dela e pensei que, se fosse eu, teria sido muito grata pela atitude. só que há coisas que as pessoas parecem não querer enxergar.
no fundo, acho que toda essa reação agressiva e negativa dela se relaciona à vontade de ignorar tudo isso, tentar eximir-se da culpa pelos acontecimentos trágicos das últimas semanas. quantas vezes não repeti que ser mãe é diferente de ser motorista. mas, a pessoa não quer ver, não quer aceitar. e, tudo bem. cada um que lide com os problemas, principalmente com aqueles que viu desenvolver sem fazer nada para impedir. e, eu, realmente, não tenho mesmo nada a ver com isso.
olhando as coisas neste momento, parece-me que a decisão de me meter na história foi errada. estaria até arrependida se não fosse minha sensação de dever moral de fazer isso. foi a primeira vez em que ela me chamou de amiga. e, realmente, esse é o tipo de coisa que faço pelos amigos. mas, amigos mesmo, sabe? aquela chacoalhada que você dá na pessoa, sabendo que ela achará ruim, mas que é quase um dever, até porque é para o bem dela.
e, assim, não gostou? ignore. ponto. finja que não aconteceu. o quê, não se sente culpada pela situação? então, ótimo. vire a página.
só que não, né? ela está morrendo de culpa. o que acho digno, demonstra que, apesar de über irresponsável, não é má pessoa. justamente por isso, não consegue encarar os amigos, esses de verdade. porque nós sabemos. estávamos lá o tempo todo. vimos a história desenrolar-se – cada um, um pedaço dela.
vá, vá lá fazer novos amigos. crie uma imagem sobre si mesma para eles. você já está até diferente, imagino que deva estar acreditando na máscara que acabou de inventar. de uma pessoa injustiçada, que sofre sem nenhuma razão.
e, se tudo isso não bastasse, há a história do melhor amigo, que, segundo ela, negou as coisas que havia me contado. sinceramente, não sei em quem acreditar. não entendo porque ele faria isso até porque sei que ele gosta de mim. estávamos em contato esses dias por uma preocupação em comum, ao meu ver: nossa amiga. ela fugiu de nós dois o fim-de-semana inteiro. daí, vem a conversa dos dois em que ele supostamente disse que eu havia inventado as histórias. tipo, por que eu faria isso? sinceramente.
não tenho estado muito bem esses dias. estou com essa cicatriz horrenda no meio da cara, usando os óculos de sol de outra pessoa. ainda sentindo os efeitos dos massacres que foram as provas dos últimos finais de semana. tentando lidar com essa saudade que me esmaga a vontade de fazer qualquer coisa produtiva. tenho-me forçado a arrumar a casa, organizar os arquivos de computador, as fotos. ah, as fotos. como foi doloroso. mas, agora, estão todas lá, categorizadas. assim, não preciso correr os risco de esbarrar nessas lembranças não intencionalmente.
agora é tentar olhar para frente, pois há um monte de gente linda para ver neste fim-de-semana, coisas para conhecer. e, essa grande amiga, dessas de verdade, que, quando não concordam com algo, falam as coisas na nossa cara, sabe?
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