o trabalho, agora, é desapaixonar-se. em outra cidade, não dá. sabia que isso poderia acontecer, mas, sinceramente, não achei que fosse. fazia tanto tempo que não nos víamos. sei lá, as pessoas mudam muito com o tempo. estava mesmo pessimista. mas, ai, tinha esquecido o quanto ela é alta. daí, veio a forma como ela pegou em mim, para me desviar de um buraco na calçada. tive arrepios. fiquei repetindo para mim mesma para não relaxar. se acontecer alguma coisa hoje, será só diversão.
daí, vem o "senta aqui do meu lado". daí, não aguentei. comecei a responder. só que veio esse assunto tenso, dessa amiga em comum, ela lá, desflorando o rosário, e eu tentando ser compreensiva e ouvir, ainda que não estivesse em condições de dar bons conselhos (em parte, por causa do álcool), só conseguia prestar atenção no quanto ela é fofa, como fala de um jeito fofo, como eu a queria naquela hora. só que nada.
em algum momento, todo mundo resolveu mudar de mesa, vamos para uma menos isolada, para ver o povo. e, foi assim que, enquanto ela foi ao banheiro, a amiga dela me beijou. e, nossa, rolou uma super química. claro que tive de perguntar para ela se concordava, depois dessas duas experiências que me provaram que química é algo surpreendentemente unilateral.
só sei que ela volta do banheiro e puxa a amiga em um canto, para uma DR. não entendi nada. achei que ela não estava mais a fim, sei lá, já tinha desistido mesmo. daí, elas voltam, ela se senta do meu lado e me beija. e, só. "eu só faço sexo com amor."
e, só, nada. ela, aparentemente, está furiosa comigo. tentei explicar que não teria beijado a amiga dela se soubesse que ela estava a fim. inclusive, depois, minhas amigas me contaram que, quando fui ao banheiro, rolou a conversa do "e, aí? se você não se mexer, nós vamos sair para dançar." só que, né, a figura ainda se fez de tímida! e, eu lá, impaciente, esperando. e, ela ainda me diz que quis aceitar aquele convite, de anos atrás, mas que não dava conta de trios. e, tudo bem, esqueça a ideia da triangulação com a amiga. exatamente como naquela época. essas ironias.
agora, é só desapaixonar. essa arte na qual tenho me tornado especialista. a de apaixonar-me e de desapaixonar-me. porque, não dá. ainda que tenhamos o mesmo ascendente e a mesma lua. ainda que ela seja linda. não vou entrar em uma história à distância. não vou investir. caso encerrado.
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